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quarta-feira, 19 de março de 2008

Uma viagem pelo autocarro

Olho por de trás da janela. Sigo pelo autocarro de headphones nos ouvidos embrulhado no meu post-hardcore. Um de sol quente de Março sopra na rua, estampa-se no alcatrão. Vejo uma fumaça quente de estufa, que sai do tubo de escape e sobe no ar, vejo multidão que entra e sai. Brancos, castanhos, amarelos. A hora de ponta faz sobressair o cansaço. O autocarro cheio custa a subir a rua, o aroma a suor aquece ainda mais a ar, as mães africanas dialogam em crioulo de uma ponta a outra do autocarro. Os mais stressados descarregam a raiva no condutor nas paragens que arrancou cedo de mais.

Notam-se os mais bem encarados, os mais mal não disfarçam uma melancolia, um problema, um vício.

Os mais jovens ouvem o kizomba de ténis da Nike e bonés apertados da Lacoste, enquanto alguns ainda de olhos inchados de ressaca de ganza na escola, acto que os pais nem sonham. Vivem a sua rebeldia sem se importando com mais nada. Sem um ideal, sem uma cultura de geração, sem valores tradicionais. Sem um objectivo de melhorar o futuro. Apenas porque é bacano. É a streetlife. Uma hipocrisia, uma mediocridade de alma…

Correntes de horas prendem os actos às pessoas, à rotina. Obra de um sistema, sistemático de todos nós.

Ao lado vai passando o metro. As obras dificultam o transito, as ambulâncias, os nervos dos transeuntes.

Estradas, auto-estradas, metros e… passeios… curtos… No meio disto, com menos 15 anos e se passa-se em miniatura na horta da minha avo, eu diria que queria que os peões andassem menos a pé… Que andassem mais de carro.

E para quê?

Olho o lado do grande centro comercial mais perto. Longas estradas… longa distancia… passeios estreitos… Certamente se for a um centro comercial de bicicleta trago menos coisas do que se levar um carro…

A televisãozita deprimente do autocarro vão dando as ultimas, enquanto o autocarro passa no subúrbio. Os filhos da geração que chegou de África no período revolucionário de 70, vivem mais na rua do que em casa. A droga é produto do movimento clandestino que se tornou descarado nos guetos. Escoam ali quantias de euros fugidas dos nossos impostos. Fogem ali quantidades que tapariam o buraco do orçamento de estado, estão ali problemas para a cada vez mais magra segurança social, que os média passam todos os dias. E as mães? As mães trabalham o dia inteiro, e rezam a noite todos os dias, à santa virgem que apareceu em Fátima.

Deus mudá-los-ão, se eles deixarem.

Ali são anos e anos que se arrastam, e se arrastaram. A utopia ou a ganância de uma revolução (que muitos dizem apenas golpe), trouxe-os, abriu as portas às multidões de África para cá. Sejam bem vindos! E agora vão para… os guetos!

Muito racional han? É uma maneira óptima de decisão portuguesa, concerteza. Agora queixam-se da falta de ordenamento de território, dos gangs africanos que assaltam a Costa da Caparica. Lei nº1: deixa andar. Foi melhor a ganância de encher os bolsos no período pós revolução dos (en)cravados…

Haja ainda a geração trabalhadora e honesta que o antigo regime formou, para ir suportando o orçamento fiscal.

E por falar em ordenamento de território? Já alguém reparou nas rotundazinhas com flores e sistema de rega, e no lado oposto da estrada mato e lixo à mistura? Bonito não é?

Mas o que acho mais engraçado é a são as estradas com 3 metros de largura de via, e outras que mal cabe uma bicicleta. Outras delimitadas, e outras por ir delimitando (pelas fissuras da estradas, claro). E para não falar naquelas sem passeios, e outras que lhe acedem centenas de pessoas por dia, mas que os autarcas só se lembram de as arranjar no dia internacional do não sei do quê, e porque vai lá passar o engravatadinho não sei das quantas.

Até é divertido. Sempre podemos caminhar por elas aos pontapés nos calhaus soltos, nos dias de maior cansaço.

Mas mais triste que isto, é ver às portas de Lisboa o Rio Tejo pintado de preto e de cheiro insuportável...

E digo mais umas vez: as correntes puxam a sociedade para um abismo cada vez mais evidente. Um sistema sistemático de todos nós.

E quando olho uma outra vez, estou a chegar ao destino. É hora de sair. Toco então no botão da campainha que acende uma luz com algo do género: Ault Hunge…

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