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sexta-feira, 28 de março de 2008

Numa Urgência de Hospital...

Estava um dia aparentemente calmo. Até eu dar conta de mim mesmo na sala de espera da urgência do hospital, quase que obrigado pelos meus superiores e pelo meu estado de saúde. A estrada de trânsito calmo do autocarro, transformava-se agora num amontoado de gente. As cadeiras estavam cheias, pessoas sentadas, e pessoas de pé. Coxos, doentes, novos, idosos, todos com a mesma cara de sempre, mas com as expressões de cansaço, do tédio, da espera.

O sol de um dia com nuvens entrava pela janela na tarde. Olhei a televisão, mas nada me surpreendeu. Os mesmos programas do costume, das coscuvilhices, dos bonitos e dos feios, de quem não tem e não quer fazer mais nada, do que comentar em programas deprimentes, o que a deprimida população ingere, extasiada, sem mais nada que ver…!

Realmente é interessante aprender naqueles programas, que o Zé garanhão anda com maria vaca e que o Zé otario deixou a outra. Ah! E ainda saber que o Zé mariconso comprou uma nova colecção unhas de gel, e que o xulo da máfia (que ninguém desconfia e ninguém denuncia...) comprou um novo BMW em folha…!

É deprimente, dá vontade de rir. E de chorar…

Imaginava agora, um simples estudante do básico ou secundário, estando nós em período de férias, sem nada para fazer. ‘Que fazer agora? Hum.. vou ligar a televisão.

Bahh.. que seca… vou mas é pa net! ‘

É esta a acção que é influênciada a ser feita.
Oh, que parvo eu sou . Até parece que não sou deste tempo… Vão mas é ter com a namorada! A terceira numa semana… Tal como aprenderam nos morangos salgados, claro!...

Dá-me que pensar isto, imaginar um sistema de cadeia de acções relacionados apenas com uma simples fórmula de grelha de programação… Não seria útil, programas de televisão do género National Geographic? Ou de incentivos à educação? A nossa utopia de vida passa só por fazer novelas com miúdas giras rapazes musculados e de tramas amorosos?? Será caminho e proveitoso telejornais com noticias manipuladas?

Mediocridade hipócrita de gente…


Ainda com um neurónio a pensar na podridão que já descrevi, continuo à espera da minha vez. Vou desligando o mp3, ou tirando o phone da minha musica hard-core, ou hard-rock, para (tentar) ouvir a voz rouca, ou coluna rasgada do sistema de chamamento da urgência.

Cada vez mais pessoas ansiosas, que se levantam entram e saem da sala. Outras mais calmas, coitadas, lêem o jornal, revistas, comentam, suspiram.

Na capa de um jornal ( muito fortemente conhecuido pela pressão que usa na publicidade) consigo ler:‘Pinto da Costa no banco dos réus’.

Ambiente perfeito a fazer-me passar coisas: decadência, de corrupção, de mediocridade.

Vou falar politicamente correcto, mas demasiado fora de sistema.

Estou farto, desses Pintos da Costa, dos apitos dourados, casa pias, maddies! Toda a gente sabe o que é que esses filhos de portuguesas fizeram… Toda a gente sabe, existem provas. E porque éque ninguém faz nada??? PORQUÊ??

Estou me a lembrar em Itália, de quantos clubes desceram de divisão por casos semelhantes. E porque é que cá não se resolve?? Está a máfia tão entranhada em nós??

Oh povo Português! És assim tão tristemente manso???


O que me faz ainda mais pensar, é nesta manipulação do povo, a que se tornou o futebol, existam gente, simplesmente adepta, que defendem com unhas e dentes uma figura de fato e gravata do futebol. Já pensaram nesses casos de desvio de dinheiro de transferências de dinheiros, o quanto é que não foge ao fisco? O quanto é que não deveria entrar nos bolsos de cada um trabalhador?? Vale a pena defender hipocritamente quem ganha milhões e é corrupto e rouba aos olhos de toda a gente?

Oh povo português! Onde esta o teu bom censo e a boa alma?? Temos ou não temos nós sangue de um povo bravo perseguido pela injustiça dos romanos???


É nisto que sobressai na sala, os comentários de revolta (ao menos haja alguém que se revolte!) por um individuo que segundo percebi, estava lá desde manhã, e agora os médicos ou as enfermeiras tinham perdido as análises.

- Mas que é isto?? Uma pessoa aqui desde manha e agora perdem me as análises?? Eu vou mas é lá, só podem estar a gozar não!’


É politicamentezinho correcto que as coisas se resolvam com calma e pelo diálogo. Mas também é compreensível a situação de desespero daquele homem… Há que compreender e ajudar e aceitar o nosso próximo…Afinal somos ou não somos um povo de brandos costumes (como dizia o outro…) de cariz e educação católica? Há que saber aceitar a cruz e lutar pela resoução…!


Ah, como eu te compreendi caro amigo revoltoso Português!!

A resolução passa sempre uma análise. Analisando a urgência, a culpa de tanta gente à espera, de trocas, de confusões, deve-se a quê?? Olha-se para eles, simplesmente fazem o seu trabalho (isto contando fora os que não fazem), médicos que se esmifram dia e noite aos pacientes (isto contando sem os que não se esmifram), então a culpa é de quem???

Mesmo contando com os que não dão o litro nem vestem a camisola na função publica, o problema da actualidade não se prende muito não se prende muito neles…

A culpa é da podridão do sistema, da má fé, que ainda que curta, torna-se bola de neve, Porque a vida é toda uma pirâmide, uma bola de neve. Cabe-nos a nós Humanos sabermos construi-la ou travá-la. A culpa é da podridão os engravatadinhos dos ministérios. Para eles, não é como eu acima referi de pessoas, mas sim de pacientes, cifrões, produtos de construção de uma economia acorrentada em decadência…

Com isto tudo, fui atendido.

A radiografia revelou-me uma infecção pulmonar. Uma Bronquite. O princípio de uma Pneumonia se não fosse tratado.

Vou me juntar à população doente, aos escravos do mal-estar, às estatisticas do ministério da saude.

Lá vou eu para o meu dia-a-dia ingerir, a antibióticos, soro, e bomba.

Ah… e lenços de papel…

quarta-feira, 19 de março de 2008

Uma viagem pelo autocarro

Olho por de trás da janela. Sigo pelo autocarro de headphones nos ouvidos embrulhado no meu post-hardcore. Um de sol quente de Março sopra na rua, estampa-se no alcatrão. Vejo uma fumaça quente de estufa, que sai do tubo de escape e sobe no ar, vejo multidão que entra e sai. Brancos, castanhos, amarelos. A hora de ponta faz sobressair o cansaço. O autocarro cheio custa a subir a rua, o aroma a suor aquece ainda mais a ar, as mães africanas dialogam em crioulo de uma ponta a outra do autocarro. Os mais stressados descarregam a raiva no condutor nas paragens que arrancou cedo de mais.

Notam-se os mais bem encarados, os mais mal não disfarçam uma melancolia, um problema, um vício.

Os mais jovens ouvem o kizomba de ténis da Nike e bonés apertados da Lacoste, enquanto alguns ainda de olhos inchados de ressaca de ganza na escola, acto que os pais nem sonham. Vivem a sua rebeldia sem se importando com mais nada. Sem um ideal, sem uma cultura de geração, sem valores tradicionais. Sem um objectivo de melhorar o futuro. Apenas porque é bacano. É a streetlife. Uma hipocrisia, uma mediocridade de alma…

Correntes de horas prendem os actos às pessoas, à rotina. Obra de um sistema, sistemático de todos nós.

Ao lado vai passando o metro. As obras dificultam o transito, as ambulâncias, os nervos dos transeuntes.

Estradas, auto-estradas, metros e… passeios… curtos… No meio disto, com menos 15 anos e se passa-se em miniatura na horta da minha avo, eu diria que queria que os peões andassem menos a pé… Que andassem mais de carro.

E para quê?

Olho o lado do grande centro comercial mais perto. Longas estradas… longa distancia… passeios estreitos… Certamente se for a um centro comercial de bicicleta trago menos coisas do que se levar um carro…

A televisãozita deprimente do autocarro vão dando as ultimas, enquanto o autocarro passa no subúrbio. Os filhos da geração que chegou de África no período revolucionário de 70, vivem mais na rua do que em casa. A droga é produto do movimento clandestino que se tornou descarado nos guetos. Escoam ali quantias de euros fugidas dos nossos impostos. Fogem ali quantidades que tapariam o buraco do orçamento de estado, estão ali problemas para a cada vez mais magra segurança social, que os média passam todos os dias. E as mães? As mães trabalham o dia inteiro, e rezam a noite todos os dias, à santa virgem que apareceu em Fátima.

Deus mudá-los-ão, se eles deixarem.

Ali são anos e anos que se arrastam, e se arrastaram. A utopia ou a ganância de uma revolução (que muitos dizem apenas golpe), trouxe-os, abriu as portas às multidões de África para cá. Sejam bem vindos! E agora vão para… os guetos!

Muito racional han? É uma maneira óptima de decisão portuguesa, concerteza. Agora queixam-se da falta de ordenamento de território, dos gangs africanos que assaltam a Costa da Caparica. Lei nº1: deixa andar. Foi melhor a ganância de encher os bolsos no período pós revolução dos (en)cravados…

Haja ainda a geração trabalhadora e honesta que o antigo regime formou, para ir suportando o orçamento fiscal.

E por falar em ordenamento de território? Já alguém reparou nas rotundazinhas com flores e sistema de rega, e no lado oposto da estrada mato e lixo à mistura? Bonito não é?

Mas o que acho mais engraçado é a são as estradas com 3 metros de largura de via, e outras que mal cabe uma bicicleta. Outras delimitadas, e outras por ir delimitando (pelas fissuras da estradas, claro). E para não falar naquelas sem passeios, e outras que lhe acedem centenas de pessoas por dia, mas que os autarcas só se lembram de as arranjar no dia internacional do não sei do quê, e porque vai lá passar o engravatadinho não sei das quantas.

Até é divertido. Sempre podemos caminhar por elas aos pontapés nos calhaus soltos, nos dias de maior cansaço.

Mas mais triste que isto, é ver às portas de Lisboa o Rio Tejo pintado de preto e de cheiro insuportável...

E digo mais umas vez: as correntes puxam a sociedade para um abismo cada vez mais evidente. Um sistema sistemático de todos nós.

E quando olho uma outra vez, estou a chegar ao destino. É hora de sair. Toco então no botão da campainha que acende uma luz com algo do género: Ault Hunge…