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sexta-feira, 13 de julho de 2012

HÁ UMA LINHA...QUE UNE

Não sei se é de mim. Mas irei ser directo. Todos os dias quando entro de manhã no autocarro, sinto um silêncio pesado, uma calma cansada e um semblante triste que agrega toda esta multidão. Há que arranjar um emprego ou que o manter, há que engolir sapos todos os dias, há o aguentar a falta da equidade no salário, há filhos e resto da família em jogo. É o ‘mainstream’ da crise que nos formata, que nos prende, e nos corrói.

E tudo isto analisamos e percebemos a diferenciação. É fácil identificar o maior e o pior rendimento. É fácil identificar o que está com dificuldade, do que não está, e também é facílimo acusar e apontar o dedo. Vamos utilizando como escape a sátira do humor, o lamento, o deixa andar. Estamos cansados, sem visão de um horizonte de céu azul, ou sem uma esperança. Há assim uma linha que nos separa todos os dias, imposta, ou subtilmente incutida por tudo o que nos rodeia, sem hipótese de escapar.

1339613366770 No meio destas águas densas, há um facto que emerge, como um maré que esvazia, ou como o sal cristalizado nas salinas. O que é será, o que fica, fica. Independentemente da decisão correcta, independentemente da razão. Quem é, é, quem quer fica, quem não quer exclui. Como uma verdade que nasce nas entrelinhas, esta é a fórmula que parece vincar no futuro. Deixando raiva, suor, ou lágrimas, carregada de sentimento ou de indiferença. O que estiver mal acentuará-se-á, o que ficar de bom, nunca será seguro, e a mudança pintada de valores de modernices, será sempre inimiga da estabilidade. Há uma linha que nos vai separando, e que de futuro irá separar-nos cada vez mais. É a linha das nossas crenças, dos nossos valores, dos nossos grupos. Tudo isto para grande infelicidade da paz, do amor e da integridade. É o Pluralismo que aceitámos na constituição da sociedade.

Mas ainda há outra corrente. Há um outro quadrante. Há uma linha que une um voluntário, um professor, um padre, um médico, um enfermeiro. Há uma linha que une um estudante, um um doutor, um mestre. E até há uma linha que une um consultor, um gestor, ou um técnico. Existe. Há um espírito intrinsecamente comum que faz por vezes quem quer vencer a entregar toda a sua vida a uma tarefa. As profissões absorvem cada vez mais a alma de um indivíduo, tornando-se o próprio indivíduo. Há trabalho dentro e fora do emprego, há dias que tem mais de 24 horas. Há o sentido de realização. Há o amor na entrega total. É o sentido de missão que faz mover a alma, tocar corações e chegar ao sentido fundamental da vida.

bc12c8e395aba75cd5f1fbfd56dfaf9c E são estas as linhas que unem. A linha que une a opção de uma vida colectiva e de missão, ao invés de uma vida egoísta e individual. Uma opção, dizem. Uma evolução, diz o mainstream.

E assim nesta união separada caminhamos na sociedade. Dois extremos que quase se opõem, de um lado uma vida de sacrifício entregue a uma causa maior. Do outro, o lado de uma vida individual, trabalhando à volta do ego próprio, da satisfação pessoal imposta por uma conjuntura que não parece abrandar.

Em que grau desta inclinação para o individual nós estamos colocados? Se não estamos, é seguro? Vai durar?

Qualquer resposta que haja, cai no silêncio. Um surdez vazia como uma música alegre, ou música triste, uma indefinição destes tempos que traz o vazio. Vidas que se transformam num ápice, mudanças a toda a hora, exigindo a rápida adaptação como se nossos músculos fossem ferros, e nossa cabeça sem moral. Adaptar é fácil, aceitar fácil é para quem não tem coração.

Preferimos o shoping, a noite, o consumo, o relacionar fácil. Vivemos uma utopia de vida alienada que está falida e gasta. Vivem os que podem, resistem os mais fortes. O amor verdadeiro perdeu-se por aí. A crise veio para rebentar com tudo.

Há esta linha que une, para depois separar. Cada vez mais. Para o bem, e para o mal.